segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Aceitação


Deixe que caiam uma a uma
As folhas secas da tua paisagem
Mais uma vez se faz inverno
E dentro de ti também há folhagem.

Se o Sol se esconde, pobre de ti,
Buscai-o invicto
Teus galhos nus apontando para o céu
Sedentos de nova vida, contrito.

Se tuas raízes resistem profundas
Ao frio, ao escuro e à seca
Talvez seja bom presságio
De uma Primavera mais plena.

Se pelos ciclos a vida transita
Observa e compreende o que te tornas
Contempla que nasces e morres a todo instante
Elege ser o que está acima das formas.

Consagra teu destino
Faz flamejante teu coração
Além das estações és discípulo
E teu nome aceitação.

Flávia Fernandes
Sede Nacional


Este poema ficou em terceiro lugar no Concurso de Poesia dos Jogos da Primavera de 2010. Acompanhem abaixo a demais ganhadores.

Quando se Perde a Poesia


Perdi minhas anotações!
Uns livres versos tão serenos...
Estou agora em turbilhões
Por deles nem lembrar ao menos!

Passei horas neles pensando,
Passei penas por repassar,
As horas me irritam, lembrando:
“Pararam em um não-lugar...”

Qual era o mote de meus versos?!
Alguma coisa sobre a...calma?

Mais uma vez o Universo
Ensina algo à minha Alma.

Profunda essência do problema
Eu captei no que escrevia:
- De minha vida, perco poemas,
Mas não se perde a Poesia.

André Vasconcelos
Sede Nacional


Esta poesia ficou em segundo lugar no Concurso de Poesias dos Jogos deste ano.

Oração e Poesia


A melhor oração é a poesia,
seu altar é na natureza.
No evangelho da vida
o culto é à beleza.
Nascem palavras por inspiração
frutos doces da árvore da vida
que transformados em vinho
trazem reflexões sublimes
na forma amena de um carinho.
Na pureza da intenção simples
formam versos meninos,
espontâneos, leves, livres.
sonhadores... Divinos

A poesia é a melhor oração
e a beleza a maior devoção.
No sagrado do coração,
por uma escada do alto ao chão
os versos sobem e descem
por ordem e poder da inspiração.
As mágoas da existência desaparecem
e os sonhos se estabelecem
no paraíso da imaginação.

A poesia é uma bonança
que tem a energia da criança,
e sopra como brisa fresca,
bem aventurada e mansa.
Na escuridão da tristeza
é uma pequena vela acesa
que atiça uma fogueira
e aquece o pensamento,
dando esperança ao momento,
iluminando a alma inteira.

A Poesia é uma musa divina,
faz-se bonita em clareza e verdade.
Eterna menina em toda idade.
Orientadora, tal como a estrela
que no céu se faz luz para o poeta vê-la.
Noiva dedicada e carinhosa,
nada quer em sacrifício ou oferenda.
Já é dela o reino dos céus.
Pede somente que se a perceba e entenda
sendo o poeta, seu namorado na senda
que com respeito, retire seus véus.

A melhor redenção é a poesia
escrita na lousa da existência,
supera o poeta em permanência.
Viverá mesmo depois do dia
em que livre a alma voar sozinha
e o corpo prostrado, fizer leito no chão.
Cordeira de Deus em beleza se justifica.
Em liberdade, plenifica a vida.
Em versos de amor eterniza a emoção.

Autor: Wilson Trannin
Nova Acrópole Cuiabá

Essa foi a poesia vencedora do Concurso de Poesias dos Jogos da Primavera de 2010.
Em breve as outras vencedoras!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

À Beleza

Não tens corpo, nem pátria, nem família,
Não te curvas ao jugo dos tiranos.
Não tens preço na terra dos humanos,
Nem o tempo te rói.
És a essência dos anos,
O que vem e o que foi.

És a carne dos deuses,
O sorriso das pedras,
E a candura do instinto.
És aquele alimento
De quem, farto de pão, anda faminto.

És a graça da vida em toda a parte,
Ou em arte,
Ou em simples verdade.
És o cravo vermelho,
Ou a moça no espelho,
Que depois de te ver se persuade.

És um verso perfeito
Que traz consigo a força do que diz.
És o jeito
Que tem, antes de mestre, o aprendiz.

És a beleza, enfim. És o teu nome.
Um milagre, uma luz, uma harmonia,
Uma linha sem traço...
Mas sem corpo, sem pátria e sem família,
Tudo repousa em paz no teu regaço.

Miguel Torga, in 'Odes'



Como sempre à Beleza.
Aguardem semana que vem as poesias vencedoras do Concurso de Poesia dos Jogos da Primavera.
Marluce Claudia