segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

IV Mostra Poética das Damas - Poesias Vencedoras



1º lugar

Mar de Sonhos

Entre meus dedos escapam os Sonhos,
Cenas aladas de um tempo já vivido.
Cenas turvas à deriva
De ondas fortes e um vento ávido.

É tesouro escondido esse Sonho.
Em baú imenso,
Mas de essência acordada.
Sob mar insano,
Em nau há tempos ancorada.

Encontrá-lo é meu desejo.
Passo meus dedos por mil mapas,
Tecidos com as cordas castas
De meu peito em arpejo.

Aos sete mares clamam alto
Os meus lábios:
- Onde estás, Sonho, que da vida é arauto?
Se entre estrelas,
Serão minhas fibras os astrolábios!

Se entre marés
Serei leme, vela e convés
A buscar-te oceano a fundo
Enfrentar o mundo, leviatã, fúria e revés.

Mas se estiveres na profundeza
de meu próprio Ser, calo o meu apelo.
Pouco vale minha destreza...
Inútil é procurar,
Para encontrar basta vivê-lo.

Recordo que entre meus dedos tão aflitos,
Os Sonhos escapavam.
Mas ao deter os monstros que avançavam,
Começaram minhas mãos a esculpi-los.

Avisto em mim, a calmaria.
Se acalmam os lemes, o timão e as velas.
Eis que os Sonhos viverão enfim
Se de meu coração faço olaria
Concha nobre a moldar pérolas.

Mariana Lopes Bezerra de Melo
Filial Goiânia - Universitário


2º Lugar

Sonhos Raros

Tu me indagaste sobre os meus sonhos.
Estes, que de tão preciosos, nunca os exponho.
Fugidios, etéreos, demasiado puros para perceberes.

E me propuseste compartilhar de meus sonhos.
Dos doces, dos gloriosos, dos inefáveis e risonhos
Mas como podes tocá-los sem antes te ascenderes?

Prepara-te. Para alçares vôo em meu mundo sutil e estranho,
Farás de tua alma nascer níveas asas de imenso tamanho.
E de pé, perante o abismal infinito, do mais alto deverás te arremeter.

E quando pisares em meu campo de sonhos, perguntarás, suponho:
Dentre todos, quais os mais caros? Felizmente, estes não são tão raros...
Encontram-se no coração de todos os seres.

Alice Amaral e Souza
Filial Goiânia - Jardim América


3º lugar


Tocando um sonho


Em meio a um sono sem sonhos, remexi-me, ansiando acordar.
Mas despertar de onde? Para qual lugar?
Difícil saber diferenciar!
Foi então que ouvi, ao longe, um clarim
a soar...dentro ou fora de mim?

De início, confundi meu sonho com a gritante loucura.
No superficial... como encontrar a cura?
Foi da bela partitura dos sonhos, que a harmonia
soou a estatura que posso alcançar, um dia.

Imatura, pensei ser dos sonhos a autora....
Seria eu solitária e limitada cantora?
Não via quão grande é o Concerto sonhado,
pois não tocam sós nem os Iniciados!

Em meio a um sonho sem sono, me vi como um ser em expansão...
Como saber interpretar a correta canção?
A tonicidade da União garante a felicidade ao Ser Interior.
E acordar... Escuta só!... é qual dançar
na marcação do Maior Compositor.

Júlia Camarotti Rodrigues
Brasília - Sede Nacional



Composição do Juri:

André Freitas - Sede Nacional
Juliana Limeira - Sede Nacional
Leonora Alves - Goiânia
Marcela Paes - Anápolis
Marluce Claudia - Guará

IV Mostra Poética das Damas - 2011

Poesias Pré-selecionadas para a IV Mostra Poética das Damas de Nova Acrópole - Brasil Norte. Tema: "Vivendo os Sonhos"

Liberdade

Ao centro do escuro labirinto
Jaz a fera na terra derrotada.
Forte feixe de luz renovada
Afasta as trevas do recinto.

Chega ao fim a gesta interior,
Renasce o herói em sua glória.
Vertical espada da vitória,
Crepita o fogo purificador.

Sou herdeira desse antigo mito,
Combato nessa eterna batalha
A romper frágil cárcere de palha.

Sonho me libertar do labirinto.
Como Teseu em divina ação,
Unir o Céu, a Terra e o Coração.

Adriana Vargas Pereira
Filial Guará


Sonhos Raros

Tu me indagaste sobre os meus sonhos.
Estes, que de tão preciosos, nunca os exponho.
Fugidios, etéreos, demasiado puros para perceberes.

E me propuseste compartilhar de meus sonhos.
Dos doces, dos gloriosos, dos inefáveis e risonhos
Mas como podes tocá-los sem antes te ascenderes?

Prepara-te. Para alçares vôo em meu mundo sutil e estranho,
Farás de tua alma nascer níveas asas de imenso tamanho.
E de pé, perante o abismal infinito, do mais alto deverás te arremeter.

E quando pisares em meu campo de sonhos, perguntarás, suponho:
Dentre todos, quais os mais caros? Felizmente, estes não são tão raros...
Encontram-se no coração de todos os seres.

Alice Amaral e Souza
Filial Goiânia - Jardim América


Harém dos Sonhos

Os sonhos vivem no país do amor
Onde só o coração pode alcançar
e interpretá-los no palco da vida,
como oração ao pé do altar!

Viver os sonhos transpõe os sonhos
Do infinito no finito,
expurga a cegueira
e transcende a dor,
Desvenda os mistérios
Entre autor e ator,
Unidade sonora
No silêncio, em glória.

Como expressar
a linguagem dos sonhos?
vivê-los sem afetar
sua natureza de antanho
onde a alma surgiu,
e como colibri, voou
rumo ao solitário jardim:
os quatro cantos do mundo,
para nele, semear as sementes
do rico e florido País,
o Harém de nossos sonhos.
Alinalde da Silva Lima
Filial Belém


Camarada

Nas estradas de seda tecidas
Por trilhas de augúrio fugaz
Marchemos de cabeças erguidas
Buscando honra, buscando paz

Parelha tua caminhada feroz
Põe em massília tua solene veste
Canta canções da alma sem voz
Olha ao alto a estrela celeste

Corre, brilha mais que mil sóis
Para honrar, além dos brasões
O incenso dado aos heróis,
A espada cravada em dragões

Desafiemos essa esfinge sagrada
Batalhemos essa indômita cruzada
Conquistemos o escudo, a espada
Vivamos, meu amado camarada

Carolina Moro de Almeida
Filial Taguatinga


Um Sonho


No sonho: homens guerreiros
Armados de dom fraterno.
Seu Deus: o Uno e o Eterno,
Quem os levasse aos Mistérios.

Ao lado: mulheres férteis
De força, beleza e raça.
Enchiam de vida e graça
Aqueles campos estéreis.

Difíceis eram os tempos:
Duro e constante o combate.
Só aumentava o quilate
Daqueles seres atentos.

Algo ardente se encerra,
Bem no centro de seu Ser.
Lá do alto, pude ver
Um Céu de estrelas: a Terra.

Descobri, ao despertar:
Ardia em mim uma chama.
Construindo, enfim, a dama,
Do meu sonho fiz altar.

Enila Nascimento Freitas
Sede Nacional


Sonho Possível


Procuro o Sonho entre pensamentos,
de novo, se vibra o coração.
São mil divagações que afugento,
mas não se mostra, o tímido artista!
como se brisa oscilante fosse,
e não o vento forte da razão

Desvelo, assim, de um mundo pouco humano,
(por julgar-me sensata e realista),
um elo que vai resvalar no insano
ligando o Sonho à fácil ilusão:
joga-se ao limbo o nobre idealista,
e aos céus da Arte o grotesco artesão

Mas quanta sensatez o Sonho pede!
Pois ele é a realidade, meus senhores.
Primeiro, a face limpa em seus suores,
Depois é que a plenitude me invade.
Ah! Fruto como esse, em nenhuma parte
Pode a ilusão gerar; só o Sonho e a arte!
Sono do justo, ambrosia dos deuses,
diamante entre brumas quase perdido.
Sabe o que a intuição me sopra ao ouvido?
ele é prova cabal que o Ser existe

Agora, inconteste, me pergunto eu:
por que achamos impossível o Sonho?
Por sua distância aos olhos e às mãos?
Mas poucos sabem (assim o suponho)
que só um vazio reconhece o sonho
(e não se mede com um mero fio!);
entre nós e nosso coração

Esse Sonho Possível é,
por sorte, aquele mais distante!
Que a loucura de um tempo errante
jamais alcança difamar.
Pátria querida e resguardada,
cantado sonho de acordar,
pr'a onde trilho, em volta à casa...
Que saudades tenho comigo!
Por nada meu sonho se cala,
pois o canto da minha Alma é o que sigo

Fernanda Falheiros W. Chaibub
Sede Nacional


IRMÃ AZUL
(para Tessália Lustosa)

Pequena obreira do sonho divino
aquilo que sou, teu vôo anuncia:
do homem, semente; do som, harmonia,
reluz em tuas asas a cor do infinito.

E não por acaso fizestes morada
no ponto mais alto de um belo Templo.
Oculta entre as palhas entoas baladas
também à minh´alma trazes alimento.

E quanto mais dura e longa a viagem
mais abres tuas asas, mais crescem as penas.
Esqueces da dor do cair da plumagem.

Por entre os raios de sol descortina
com belos rasantes a minha ilusão.
És serva dos deuses, amada andorinha!

Flávia de Oliveira Fernandes Pinheiro
Sede Nacional


Cantiga do Sótão


Havia um sótão
Cheio.
Tudo o que há podia se encontrar:
Brinquedos que viram suas crianças partir,
Sapatos velhos, cansados de andar.

Um antigo abajur alto e imponente
Contava aos outros:
Eu tinha uma sala cheia de gente
E todos chegavam pedindo minha luz.

Mas até ele, agora, é só mais um.
De nada vale, a nada seduz.

Era uma vez um sótão
Das coisas passadas
Daquelas esquecidas
Não mais necessitadas.

Eis que um dia, distraída
Entra a menina. Essa era levada.
No sótão perdido dos homens
Vai criando as terras encantadas.

Atravessa as florestas de roupas,
Escala a montanha de caixas,
Tropeça no muro de livros
E quase, quase cai no abismo.

E preocupada com a aventura desvairada
Lembra-se de abrir a janela.
A noite não é seguida do dia?
Assim também era na história dela.

Já cansada, vestido sujo,
Cabelo meio solto
Em um esforço sobre juvenil
Faz sua última investida.

(Falta ainda o tesouro escondido)

E perto do canto, entre o abajur e as botas
Cintila (e ela não havia percebido!)
O pequeno aro cor de prata
O anel encantado! É isso!

Em êxtase e realizada
A brincadeira se faz mito
Todo o tempo a quimera acordada
Era a realidade, o seu sonho perdido.

Pois não importa a empreitada, amigos,
Se no sótão ou na vida lavrada
Eu caminho porque quero
Busco minha oculta morada.
Quero em meus sonhos mais sinceros
Ser o Elo, e mais nada.

Isabela Gontijo Menezes
Filial São Luís



Tocando um sonho


Em meio a um sono sem sonhos, remexi-me, ansiando acordar.
Mas despertar de onde? Para qual lugar?
Difícil saber diferenciar!
Foi então que ouvi, ao longe, um clarim
a soar...dentro ou fora de mim?

De início, confundi meu sonho com a gritante loucura.
No superficial... como encontrar a cura?
Foi da bela partitura dos sonhos, que a harmonia
soou a estatura que posso alcançar, um dia.

Imatura, pensei ser dos sonhos a autora....
Seria eu solitária e limitada cantora?
Não via quão grande é o Concerto sonhado,
pois não tocam sós nem os Iniciados!

Em meio a um sonho sem sono, me vi como um ser em expansão...
Como saber interpretar a correta canção?
A tonicidade da União garante a felicidade ao Ser Interior.
E acordar... Escuta só!... é qual dançar
na marcação do Maior Compositor.

Júlia Camarotti Rodrigues
Sede Nacional


Transmutar


Gira o mundo na máquina da vida.
Para direita, esquerda, volver...
Enquanto a alma se esvai imbuída
Do nada, vasta, vazia do Ser.

Ao inerte mal, uma cura há:
Lançar o olhar; cabeça, erguer.
Não ficar parado, roda a rodar.
A quem sonha não há tempo a perder.

Firme veemente os pés na terra!
Força, resistência. Dela virá.
Vitais armas na hedionda guerra,
Erga os olhos, importante é sonhar.

Sonhar grande, alto, sempre. Avante!
A magia consiste no transmutar
Chumbo que vira ouro num instante,
Sonho celeste, matéria solar.

Do homem conduz o espírito errante,
Ao grande império, de magno altar.

Júlia Rezende Fonseca
Sede Nacional


Indícios de Luz


Sonho ser terra fértil
Onde germinam as sementes
Que se transformarão um dia
Em árvores de sabedoria

Sonho ser água límpida
De onde sai a energia
Que percorre os corpos vivos
Em forma de vida e de alegria

Sonho ser brisa suave
Vinda do Bóreas celeste
Que faz dançar as verdes folhas
Em círculos e ondeares agrestes

Sonho ser fogo ardente
Atiçado por Prometeu há eras
Que transforma lógica e racionalismo
Em discernimento e puras quimeras

Sonho, na verdade, ser Dama
Filha de Héstia e Afrodite
De Atenéia e Deméter
Capaz de doar-se inteira à vida
E servir com toda Alma a senda dos Mestres.

Karla Andrade Costa Lacombe
Filial Taguatinga


Sonho Real

Em sua busca por Mistério,
Soube achar a antiga doutrina.
Consolidou o Império
que hoje dá Vida plena e ensina.

Em sua busca por Verdade,
com seu gênio e generosidade,
jamais perdeu o caminho:
qual Quixote, soube ver moinhos.

Em sua busca rumo a Deus,
aliou-se a Prometeu.
E, hoje, se almejo aos céus,
vejo pelos olhos seus.

Sou raiz do novo Homem
que estes nobres sonhadores,
elos da antiguidade,
souberam forjar, rumo à Unidade.

Veja que, aqui, no nosso sonho,
cessa o espaço, cessa o tempo...
outra dimensão proponho,
a partir do que há em seu pensamento.

Com a magia da Vontade
que impulsiona a missão e o dever,
já não há separatividade:
nasce o “nós”, não mais eu e você.

Márcia Barbosa
Sede Nacional


Mar de Sonhos

Entre meus dedos escapam os Sonhos,
Cenas aladas de um tempo já vivido.
Cenas turvas à deriva
De ondas fortes e um vento ávido.

É tesouro escondido esse Sonho.
Em baú imenso,
Mas de essência acordada.
Sob mar insano,
Em nau há tempos ancorada.

Encontrá-lo é meu desejo.
Passo meus dedos por mil mapas,
Tecidos com as cordas castas
De meu peito em arpejo.

Aos sete mares clamam alto
Os meus lábios:
- Onde estás, Sonho, que da vida é arauto?
Se entre estrelas,
Serão minhas fibras os astrolábios!

Se entre marés
Serei leme, vela e convés
A buscar-te oceano a fundo
Enfrentar o mundo, leviatã, fúria e revés.

Mas se estiveres na profundeza
de meu próprio Ser, calo o meu apelo.
Pouco vale minha destreza...
Inútil é procurar,
Para encontrar basta vivê-lo.

Recordo que entre meus dedos tão aflitos,
Os Sonhos escapavam.
Mas ao deter os monstros que avançavam,
Começaram minhas mãos a esculpi-los.

Avisto em mim, a calmaria.
Se acalmam os lemes, o timão e as velas.
Eis que os Sonhos viverão enfim
Se de meu coração faço olaria
Concha nobre a moldar pérolas.

Mariana Lopes Bezerra de Melo
Filial Goiânia - Universitário


O Sonho

Como não sonhar ao olhar as estrelas?
Sentir junto a sina de várias almas
Que num outro agora parou para vê-las
Sem saber que um dia alguém a olhara

Quiçá a estamos olhando ao mesmo tempo
Como se no presente momento
Fôssemos capazes de romper a história
E fundíssemos o hoje com o outrora

Então da estrela capto um sonho
Uma mensagem vinda como de um relampejo
Sonho intacto dentro do peito
Querendo plasmar do céu o que hoje percebo

Devo ser estrela prata na noite escura
Cujo brilho e clareza me fez entendê-la
Para que eu possa encher-me de ternura,
Relembrar os sonhos de quem puder vê-la.

Rayanne Peres Rosa
Sede Nacional