segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

IV Mostra Poética das Damas - Poesias Vencedoras



1º lugar

Mar de Sonhos

Entre meus dedos escapam os Sonhos,
Cenas aladas de um tempo já vivido.
Cenas turvas à deriva
De ondas fortes e um vento ávido.

É tesouro escondido esse Sonho.
Em baú imenso,
Mas de essência acordada.
Sob mar insano,
Em nau há tempos ancorada.

Encontrá-lo é meu desejo.
Passo meus dedos por mil mapas,
Tecidos com as cordas castas
De meu peito em arpejo.

Aos sete mares clamam alto
Os meus lábios:
- Onde estás, Sonho, que da vida é arauto?
Se entre estrelas,
Serão minhas fibras os astrolábios!

Se entre marés
Serei leme, vela e convés
A buscar-te oceano a fundo
Enfrentar o mundo, leviatã, fúria e revés.

Mas se estiveres na profundeza
de meu próprio Ser, calo o meu apelo.
Pouco vale minha destreza...
Inútil é procurar,
Para encontrar basta vivê-lo.

Recordo que entre meus dedos tão aflitos,
Os Sonhos escapavam.
Mas ao deter os monstros que avançavam,
Começaram minhas mãos a esculpi-los.

Avisto em mim, a calmaria.
Se acalmam os lemes, o timão e as velas.
Eis que os Sonhos viverão enfim
Se de meu coração faço olaria
Concha nobre a moldar pérolas.

Mariana Lopes Bezerra de Melo
Filial Goiânia - Universitário


2º Lugar

Sonhos Raros

Tu me indagaste sobre os meus sonhos.
Estes, que de tão preciosos, nunca os exponho.
Fugidios, etéreos, demasiado puros para perceberes.

E me propuseste compartilhar de meus sonhos.
Dos doces, dos gloriosos, dos inefáveis e risonhos
Mas como podes tocá-los sem antes te ascenderes?

Prepara-te. Para alçares vôo em meu mundo sutil e estranho,
Farás de tua alma nascer níveas asas de imenso tamanho.
E de pé, perante o abismal infinito, do mais alto deverás te arremeter.

E quando pisares em meu campo de sonhos, perguntarás, suponho:
Dentre todos, quais os mais caros? Felizmente, estes não são tão raros...
Encontram-se no coração de todos os seres.

Alice Amaral e Souza
Filial Goiânia - Jardim América


3º lugar


Tocando um sonho


Em meio a um sono sem sonhos, remexi-me, ansiando acordar.
Mas despertar de onde? Para qual lugar?
Difícil saber diferenciar!
Foi então que ouvi, ao longe, um clarim
a soar...dentro ou fora de mim?

De início, confundi meu sonho com a gritante loucura.
No superficial... como encontrar a cura?
Foi da bela partitura dos sonhos, que a harmonia
soou a estatura que posso alcançar, um dia.

Imatura, pensei ser dos sonhos a autora....
Seria eu solitária e limitada cantora?
Não via quão grande é o Concerto sonhado,
pois não tocam sós nem os Iniciados!

Em meio a um sonho sem sono, me vi como um ser em expansão...
Como saber interpretar a correta canção?
A tonicidade da União garante a felicidade ao Ser Interior.
E acordar... Escuta só!... é qual dançar
na marcação do Maior Compositor.

Júlia Camarotti Rodrigues
Brasília - Sede Nacional



Composição do Juri:

André Freitas - Sede Nacional
Juliana Limeira - Sede Nacional
Leonora Alves - Goiânia
Marcela Paes - Anápolis
Marluce Claudia - Guará

IV Mostra Poética das Damas - 2011

Poesias Pré-selecionadas para a IV Mostra Poética das Damas de Nova Acrópole - Brasil Norte. Tema: "Vivendo os Sonhos"

Liberdade

Ao centro do escuro labirinto
Jaz a fera na terra derrotada.
Forte feixe de luz renovada
Afasta as trevas do recinto.

Chega ao fim a gesta interior,
Renasce o herói em sua glória.
Vertical espada da vitória,
Crepita o fogo purificador.

Sou herdeira desse antigo mito,
Combato nessa eterna batalha
A romper frágil cárcere de palha.

Sonho me libertar do labirinto.
Como Teseu em divina ação,
Unir o Céu, a Terra e o Coração.

Adriana Vargas Pereira
Filial Guará


Sonhos Raros

Tu me indagaste sobre os meus sonhos.
Estes, que de tão preciosos, nunca os exponho.
Fugidios, etéreos, demasiado puros para perceberes.

E me propuseste compartilhar de meus sonhos.
Dos doces, dos gloriosos, dos inefáveis e risonhos
Mas como podes tocá-los sem antes te ascenderes?

Prepara-te. Para alçares vôo em meu mundo sutil e estranho,
Farás de tua alma nascer níveas asas de imenso tamanho.
E de pé, perante o abismal infinito, do mais alto deverás te arremeter.

E quando pisares em meu campo de sonhos, perguntarás, suponho:
Dentre todos, quais os mais caros? Felizmente, estes não são tão raros...
Encontram-se no coração de todos os seres.

Alice Amaral e Souza
Filial Goiânia - Jardim América


Harém dos Sonhos

Os sonhos vivem no país do amor
Onde só o coração pode alcançar
e interpretá-los no palco da vida,
como oração ao pé do altar!

Viver os sonhos transpõe os sonhos
Do infinito no finito,
expurga a cegueira
e transcende a dor,
Desvenda os mistérios
Entre autor e ator,
Unidade sonora
No silêncio, em glória.

Como expressar
a linguagem dos sonhos?
vivê-los sem afetar
sua natureza de antanho
onde a alma surgiu,
e como colibri, voou
rumo ao solitário jardim:
os quatro cantos do mundo,
para nele, semear as sementes
do rico e florido País,
o Harém de nossos sonhos.
Alinalde da Silva Lima
Filial Belém


Camarada

Nas estradas de seda tecidas
Por trilhas de augúrio fugaz
Marchemos de cabeças erguidas
Buscando honra, buscando paz

Parelha tua caminhada feroz
Põe em massília tua solene veste
Canta canções da alma sem voz
Olha ao alto a estrela celeste

Corre, brilha mais que mil sóis
Para honrar, além dos brasões
O incenso dado aos heróis,
A espada cravada em dragões

Desafiemos essa esfinge sagrada
Batalhemos essa indômita cruzada
Conquistemos o escudo, a espada
Vivamos, meu amado camarada

Carolina Moro de Almeida
Filial Taguatinga


Um Sonho


No sonho: homens guerreiros
Armados de dom fraterno.
Seu Deus: o Uno e o Eterno,
Quem os levasse aos Mistérios.

Ao lado: mulheres férteis
De força, beleza e raça.
Enchiam de vida e graça
Aqueles campos estéreis.

Difíceis eram os tempos:
Duro e constante o combate.
Só aumentava o quilate
Daqueles seres atentos.

Algo ardente se encerra,
Bem no centro de seu Ser.
Lá do alto, pude ver
Um Céu de estrelas: a Terra.

Descobri, ao despertar:
Ardia em mim uma chama.
Construindo, enfim, a dama,
Do meu sonho fiz altar.

Enila Nascimento Freitas
Sede Nacional


Sonho Possível


Procuro o Sonho entre pensamentos,
de novo, se vibra o coração.
São mil divagações que afugento,
mas não se mostra, o tímido artista!
como se brisa oscilante fosse,
e não o vento forte da razão

Desvelo, assim, de um mundo pouco humano,
(por julgar-me sensata e realista),
um elo que vai resvalar no insano
ligando o Sonho à fácil ilusão:
joga-se ao limbo o nobre idealista,
e aos céus da Arte o grotesco artesão

Mas quanta sensatez o Sonho pede!
Pois ele é a realidade, meus senhores.
Primeiro, a face limpa em seus suores,
Depois é que a plenitude me invade.
Ah! Fruto como esse, em nenhuma parte
Pode a ilusão gerar; só o Sonho e a arte!
Sono do justo, ambrosia dos deuses,
diamante entre brumas quase perdido.
Sabe o que a intuição me sopra ao ouvido?
ele é prova cabal que o Ser existe

Agora, inconteste, me pergunto eu:
por que achamos impossível o Sonho?
Por sua distância aos olhos e às mãos?
Mas poucos sabem (assim o suponho)
que só um vazio reconhece o sonho
(e não se mede com um mero fio!);
entre nós e nosso coração

Esse Sonho Possível é,
por sorte, aquele mais distante!
Que a loucura de um tempo errante
jamais alcança difamar.
Pátria querida e resguardada,
cantado sonho de acordar,
pr'a onde trilho, em volta à casa...
Que saudades tenho comigo!
Por nada meu sonho se cala,
pois o canto da minha Alma é o que sigo

Fernanda Falheiros W. Chaibub
Sede Nacional


IRMÃ AZUL
(para Tessália Lustosa)

Pequena obreira do sonho divino
aquilo que sou, teu vôo anuncia:
do homem, semente; do som, harmonia,
reluz em tuas asas a cor do infinito.

E não por acaso fizestes morada
no ponto mais alto de um belo Templo.
Oculta entre as palhas entoas baladas
também à minh´alma trazes alimento.

E quanto mais dura e longa a viagem
mais abres tuas asas, mais crescem as penas.
Esqueces da dor do cair da plumagem.

Por entre os raios de sol descortina
com belos rasantes a minha ilusão.
És serva dos deuses, amada andorinha!

Flávia de Oliveira Fernandes Pinheiro
Sede Nacional


Cantiga do Sótão


Havia um sótão
Cheio.
Tudo o que há podia se encontrar:
Brinquedos que viram suas crianças partir,
Sapatos velhos, cansados de andar.

Um antigo abajur alto e imponente
Contava aos outros:
Eu tinha uma sala cheia de gente
E todos chegavam pedindo minha luz.

Mas até ele, agora, é só mais um.
De nada vale, a nada seduz.

Era uma vez um sótão
Das coisas passadas
Daquelas esquecidas
Não mais necessitadas.

Eis que um dia, distraída
Entra a menina. Essa era levada.
No sótão perdido dos homens
Vai criando as terras encantadas.

Atravessa as florestas de roupas,
Escala a montanha de caixas,
Tropeça no muro de livros
E quase, quase cai no abismo.

E preocupada com a aventura desvairada
Lembra-se de abrir a janela.
A noite não é seguida do dia?
Assim também era na história dela.

Já cansada, vestido sujo,
Cabelo meio solto
Em um esforço sobre juvenil
Faz sua última investida.

(Falta ainda o tesouro escondido)

E perto do canto, entre o abajur e as botas
Cintila (e ela não havia percebido!)
O pequeno aro cor de prata
O anel encantado! É isso!

Em êxtase e realizada
A brincadeira se faz mito
Todo o tempo a quimera acordada
Era a realidade, o seu sonho perdido.

Pois não importa a empreitada, amigos,
Se no sótão ou na vida lavrada
Eu caminho porque quero
Busco minha oculta morada.
Quero em meus sonhos mais sinceros
Ser o Elo, e mais nada.

Isabela Gontijo Menezes
Filial São Luís



Tocando um sonho


Em meio a um sono sem sonhos, remexi-me, ansiando acordar.
Mas despertar de onde? Para qual lugar?
Difícil saber diferenciar!
Foi então que ouvi, ao longe, um clarim
a soar...dentro ou fora de mim?

De início, confundi meu sonho com a gritante loucura.
No superficial... como encontrar a cura?
Foi da bela partitura dos sonhos, que a harmonia
soou a estatura que posso alcançar, um dia.

Imatura, pensei ser dos sonhos a autora....
Seria eu solitária e limitada cantora?
Não via quão grande é o Concerto sonhado,
pois não tocam sós nem os Iniciados!

Em meio a um sonho sem sono, me vi como um ser em expansão...
Como saber interpretar a correta canção?
A tonicidade da União garante a felicidade ao Ser Interior.
E acordar... Escuta só!... é qual dançar
na marcação do Maior Compositor.

Júlia Camarotti Rodrigues
Sede Nacional


Transmutar


Gira o mundo na máquina da vida.
Para direita, esquerda, volver...
Enquanto a alma se esvai imbuída
Do nada, vasta, vazia do Ser.

Ao inerte mal, uma cura há:
Lançar o olhar; cabeça, erguer.
Não ficar parado, roda a rodar.
A quem sonha não há tempo a perder.

Firme veemente os pés na terra!
Força, resistência. Dela virá.
Vitais armas na hedionda guerra,
Erga os olhos, importante é sonhar.

Sonhar grande, alto, sempre. Avante!
A magia consiste no transmutar
Chumbo que vira ouro num instante,
Sonho celeste, matéria solar.

Do homem conduz o espírito errante,
Ao grande império, de magno altar.

Júlia Rezende Fonseca
Sede Nacional


Indícios de Luz


Sonho ser terra fértil
Onde germinam as sementes
Que se transformarão um dia
Em árvores de sabedoria

Sonho ser água límpida
De onde sai a energia
Que percorre os corpos vivos
Em forma de vida e de alegria

Sonho ser brisa suave
Vinda do Bóreas celeste
Que faz dançar as verdes folhas
Em círculos e ondeares agrestes

Sonho ser fogo ardente
Atiçado por Prometeu há eras
Que transforma lógica e racionalismo
Em discernimento e puras quimeras

Sonho, na verdade, ser Dama
Filha de Héstia e Afrodite
De Atenéia e Deméter
Capaz de doar-se inteira à vida
E servir com toda Alma a senda dos Mestres.

Karla Andrade Costa Lacombe
Filial Taguatinga


Sonho Real

Em sua busca por Mistério,
Soube achar a antiga doutrina.
Consolidou o Império
que hoje dá Vida plena e ensina.

Em sua busca por Verdade,
com seu gênio e generosidade,
jamais perdeu o caminho:
qual Quixote, soube ver moinhos.

Em sua busca rumo a Deus,
aliou-se a Prometeu.
E, hoje, se almejo aos céus,
vejo pelos olhos seus.

Sou raiz do novo Homem
que estes nobres sonhadores,
elos da antiguidade,
souberam forjar, rumo à Unidade.

Veja que, aqui, no nosso sonho,
cessa o espaço, cessa o tempo...
outra dimensão proponho,
a partir do que há em seu pensamento.

Com a magia da Vontade
que impulsiona a missão e o dever,
já não há separatividade:
nasce o “nós”, não mais eu e você.

Márcia Barbosa
Sede Nacional


Mar de Sonhos

Entre meus dedos escapam os Sonhos,
Cenas aladas de um tempo já vivido.
Cenas turvas à deriva
De ondas fortes e um vento ávido.

É tesouro escondido esse Sonho.
Em baú imenso,
Mas de essência acordada.
Sob mar insano,
Em nau há tempos ancorada.

Encontrá-lo é meu desejo.
Passo meus dedos por mil mapas,
Tecidos com as cordas castas
De meu peito em arpejo.

Aos sete mares clamam alto
Os meus lábios:
- Onde estás, Sonho, que da vida é arauto?
Se entre estrelas,
Serão minhas fibras os astrolábios!

Se entre marés
Serei leme, vela e convés
A buscar-te oceano a fundo
Enfrentar o mundo, leviatã, fúria e revés.

Mas se estiveres na profundeza
de meu próprio Ser, calo o meu apelo.
Pouco vale minha destreza...
Inútil é procurar,
Para encontrar basta vivê-lo.

Recordo que entre meus dedos tão aflitos,
Os Sonhos escapavam.
Mas ao deter os monstros que avançavam,
Começaram minhas mãos a esculpi-los.

Avisto em mim, a calmaria.
Se acalmam os lemes, o timão e as velas.
Eis que os Sonhos viverão enfim
Se de meu coração faço olaria
Concha nobre a moldar pérolas.

Mariana Lopes Bezerra de Melo
Filial Goiânia - Universitário


O Sonho

Como não sonhar ao olhar as estrelas?
Sentir junto a sina de várias almas
Que num outro agora parou para vê-las
Sem saber que um dia alguém a olhara

Quiçá a estamos olhando ao mesmo tempo
Como se no presente momento
Fôssemos capazes de romper a história
E fundíssemos o hoje com o outrora

Então da estrela capto um sonho
Uma mensagem vinda como de um relampejo
Sonho intacto dentro do peito
Querendo plasmar do céu o que hoje percebo

Devo ser estrela prata na noite escura
Cujo brilho e clareza me fez entendê-la
Para que eu possa encher-me de ternura,
Relembrar os sonhos de quem puder vê-la.

Rayanne Peres Rosa
Sede Nacional

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Sonho que desperta



Algo perturba meu sono,
Não adormeço como outrora.
Um Visitante inesperado
Bate à porta. Insiste e
Não vai embora...

No ocaso do dia, surge.
Por vezes, encontra
Um portal cerrado.
Não leva em conta.
Invade o recinto
Preenche o espaço.

Quando o infindável negrume
Se instala,
Ele me mantém em vigília.
No mais breve cair de pálpebras,
Ofusca-me com o brilho que irradia,
Desperta-me para a Vida.

Com ébana túnica,
Tocha em pleno fulgor
Percorre o monastério
Chamado Alma.
Ilumina o Claustro e
Alcança a Abadia Sagrada.

Assim, o Sonho,
Acena para mim,
Anda ao meu lado
E me oferece,
Em troca de soníferas ilusões,
O mais incrível Despertar.

Marluce Claudia
Nova Acrópole - Guará

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Hoje Nasci

Cada dia que passe, hás de dizer-te: hoje nasci!
O mundo é novo para mim
A chuva que respinga seus cristais é meu Batismo.

Vamos pois viver um viver puro, nítido!
Ontem já passou: fui mau? fui bom?
Venha o esquecimento! e fique somente desse ontem
A essência, o OURO íntimo do que amei e sofri
Palmilhando pelos caminhos...

Hoje, cada instante, ao bem e à alegria
Será propício, e à essencial razão de minha existência
Meu decidido afã: verter o vinho da bondade
Sobre as bocas ávidas ao meu redor.

Será minha própria Paz - a paz dos outros
Seu Regozijo - meu regozijo
Seu Sonhar - meu sonho!
Meu cristalino pranto
O que treme nas alheias pálpebras
E minhas Pulsações - as pulsações
De quantos corações palpitem nos orbes infinitos!

Cada dia que passe hás de dizer-te: HOJE NASCI!

Amado Nervo

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Ao Amor Antigo

O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
a antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mas pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.

Carlos Drummond de Andrade

Mais um poema para celebrar o dia "D" - Dia de Drummond

Hoje é o dia "D" - Dia de Drummond


A palavra mágica

Certa palavra dorme na sombra
de um livro raro.
Como desencantá-la?
É a senha da vida
a senha do mundo.
Vou procurá-la.

Vou procurá-la a vida inteira
no mundo todo.
Se tarda o encontro, se não a encontro,
não desanimo,
procuro sempre.

Procuro sempre, e minha procura
ficará sendo
minha palavra.

Carlos Drummond de Andrade

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

IV Concurso de Poesia OINAB-Norte - "Letras da Primavera" - Ganhadores



1° Lugar:

Alma em 4 Estações

Primeiro raio da esfera,
Instante de êxtase e alerta,
Alma pronta e desperta:
Anúncio da primavera.

Penetrante sol de verão,
Momento de brinde à vida,
Alma em busca, despida:
Convite à transformação.

Folhas jogadas no chão,
Prenúncio do recolhimento,
Alma em amadurecimento:
Apelo à transmutação.

Frio silêncio do inverno,
Ausência de natureza,
Presente a interna beleza:
Alma rumo ao Eterno.

Enila Nascimento Freitas
Sede Nacional


2° Lugar

Peleja


Perante o inicio da guerra
Revi meu ser resignado
Enfrentando o temor acumulado
Com a coragem que o guerreiro encerra.

Enfim tinha chegado o dia
Da definição, da longa agonia
Que de espera martirizava.
De ansiedades mil, transtornava.

E destemido senti-me honrado.
Para tal tinha me preparado.
Não recordo temor da morte.
Sabia do risco e seu porte

Fosse qual fosse o resultado.
Importava apenas ter lutado
Com honra. O melhor de meu ser
Firme. Com todo o querer.

Logo ao longe avistei o inimigo
Marchando forte e decidido.
Meu Ser Ávido por vê-lo abatido
Corria a ele, firme, aguerrido.

Com o escudo levantado
Da investida dura e rude
Ataquei, golpeei como pude.
Meu machado estava afiado.

Esquivando de sua espada
Num giro rápido, golpeando
Atingi aquele que sangrando
Caído ao chão capitulava.

Senti que em mim também doía
De algum modo angustia havia
Mas, vendo o opositor atingido.
Não me importava mais... Tinha vencido.

E com o triunfo ganho e posto.
Tirei-lhe o elmo para ver o rosto
E inesperado fato aconteceu...
Percebi então, a angustia que me acometeu.

No inimigo que prostrado, arfante
Vi um semblante que estarreceu.
Reconheci pasmo naquele instante
O vencido infante... Meu próprio eu.


Wilson Tranin
Filial Cuiabá

3° Lugar:

Passos mitológicos


Numa casa abandonada,
Numa estrada estranha,
No passado da humanidade,
No fundo de um velho baú,
Cuja visão infundiria,
Saudade, lembrança, romaria,
Desejo, memória, nostalgia,
Encontrei minha ancestralidade.

Era tal a idade,
Daquela máscara vermelha,
Que me servia qual uma segunda pele,
Que me revelava uma história,
Que somente em torno da fogueira,
O bisavô de meu tataravô Pereira,
Dançando e erguendo poeira,
Me ligaria a um antigo Deus.

Quando minha Mãe me disse adeus,
Fiquei só comigo mesmo,
E encarei a jovem figura,
No espelho da parede,
Tive de devorar meu medo,
De um engano que era ledo,
E roubar o meu segredo,
E lutar e escapar caverna.

Foi mancando de uma perna,
Que consegui vencer a luta.
Quebrou-se então a velha persona,
E minha face revelou,
Com a graça das arianas
Do mais profundo de minhas entranhas,
Sob formas deveras estranhas,
Um coração sem nenhum receio.

Não era produto do meio,
Vindo do próprio Hades,
Era um épico trajeto,
De árdua caminhada.
Foi então de força bruta,
Sob o suor da labuta,
Que a minha história foi fruta,
Do nascimento do Ser.

Luiz Calcagno
Filial Taguatinga

IV Concurso de Poesia OINAB-Norte - "Letras da Primavera"


Abaixo os melhores poemas entre os 33 inscritos.
Não incluem os vencedores que estão na postagem acima.
Estão na ordem alfabética por filial.

Metamorfose

Quero pintar o canto das cigarras
numa tela branca, relembrando a paz
Ver com os ouvidos o que não tem garras
A palavra dita que no eterno jaz

E morreria relegando às falas
O ouvir com os olhos que o silêncio faz
Asas de fogo, meu cinzel de brasas
Esculpindo o sonho em corações sem mais

Corpo pulsante - e entrega os tempos idos
Confiança cega no braile da rua
Amando a sombra de teus pés perdidos
Transformar-me em asas e cantar pra Lua

Ser grata à vida e vida à luz que inspira
Deixar que flua amor - e liberdade
Primavera e canto como troco à ira
Ser flor e orquestra na tua cidade

Regiane Rocha
Águas Claras - DF

Encontro Mágico

Escuta... Vê... Já não está velada.
É Demeter transbordando em alegria
Pelo retorno da filha amada
E à humanidade toda contagia.

Em absoluto contentamento
Deméter brinca de correr com o vento.
Esvoaça os cabelos das caminhantes
Transforma as secas folhas, em viajantes.

Enfim, é chegado o grande dia
Da mais bela união.
Mãe e filha, em um cântico de louvor.

O abraço é pura magia,
O encontro é pura explosão.
Deméter e Perséfone entoando hinos de amor.

Marisvalda Parreira
Fortaleza

Mais Além

Não quero o prazer terreno,
O gozo carnal e pequeno
Que é próprio das multidões;
Quero o prazer sereno,
Eterno, infinito, supremo,
Ao quebrar os meus grilhões.

Não quero risos, banquete e festa,
Não quero o luxo e os salões.
Quero o sorriso de gente honesta,
Que emana dos corações.

Num giro passa o dia,
Num giro passa a noite
E a dor como um açoite,
A ferir quem quer errar,
Prolonga toda agonia,
A não ser que com vontade,
Com amor, fé e caridade
Queira-se melhorar.

De que vale tanta beleza,
Posição, tradição, riqueza,
Se a verdadeira nobreza
É coisa do coração.
Mais vale a grandeza sombria
De quem, com certeza, um dia,
Além da lápide fria,
Brilhará n’amplidão.

Tudo se acaba e o que é pó,
Ao pó há de voltar;
Tudo, menos a essência
Que pura na consciência,
Deus há de encontrar

Victoria Caparelli
Goiânia

O Escultor

Deus é o grande Escultor
Outorgou ao Artista o poder da criação
Ele, o Artista, imagina o arquétipo com amor
Plasmando-o com seu coração
Em suas mãos, suave movimento e calor
Precisão de Pigmalião

pelo choque do cinzel, o Ideal buscou
Na pedra que guarda toda beleza e harmonia
tirou o excesso, se afeiçoou

O gélido marfim se transformou
Magia da purificação
A imagem perfeita desvelou

Carina Frota
Guará - DF


Philos


Abro os olhos,
Sinto-te adormecida, tão longe de mim!
Tudo quanto sonho é te encontrar.
Volto a buscar-te,
Mais uma vez.
Uma entre tantos,
Que desta terra, peregrinos como eu,
Seguem de colher e partilhar migalhas
Que no caminho deixaste para guiar-nos.
Sim, minha senhora, como devotados mendigos,
Escravos de ti que, no entanto, são senhores de si.

Ó amada dama,
Mesmo sem por estes caminhos sermos ainda
Capazes de te enxergar,
Por tão simplesmente te amar,
Aprendendo a de nosso tudo doar, sem nada carregar
Nada pelo caminho macular, nada pedir,
Nada almejar, nada, além da procura,
Nossa vida ganha cor e vida em tua busca!

Perdoa senhora, se por tantas vezes,
Abandono a trilha da Lei
Distraindo-me por entre os véus,
Oh, sim, enamorando-me de Maya,
Maya e suas danças,
Maya e os seus sete véus,
Envolve-me em deleites,
Acaricia-me os sentidos,
Alimenta-me as vaidades da mente,
Até que ceda, ignorante, cativa e passiva,
Às profundezas de seu dormir e sonhar.

Mas meu amor por ti sempre, senhora,
Em meio ao torpor, mais alto se eleva,
Abafa as canções envolventes
Com as quais Maya me seduz.
Sim, mesmo em meio ao prazer e à dor
Tua é a Voz que canta mais alto.
E a Vontade, mais uma vez, se faz soberana,
Incandescente espada ancestral,
Prossegue,
Imbatível e eterna,
A desfazer todos os véus,
A desatar todos os nós
Com os quais me tenho atado à Maya.
Com o fogo purificador do âmago divino,
Liberta-me das correntes
Em que presa julgava estar
Pois lembro-me de tua face desconhecida e
Amo-te cada vez mais, na falta que me fazes...

Que essa tua imagem queime em minha alma,
Senhora, como chama reminiscente
Guiando-me no retorno para casa,
Assim, diante dos sagrados ofícios a mim destinados,
Quando a carne vil, tremer, que o espírito, fiel, possa vencer!
Tendo há muito rompido a crisálida de carne e pele,
Tendo há muito me despido de todos os véus,
Almejo, ó dama, chegar a ti apenas com aquilo que Sou.

Ainda que pareças de mim intangível,
Pois sei que para merecê-la, enorme é a distância a percorrer
Entre aquilo que estou e o que devo Ser,
Ainda que te divise de mim tão distante,
O Ser, o buscador incansável,
Tua presença ardentemente reclama,
Não me deixa dormir, não me deixa sonhar.

Então, sonolenta, em meio à densa noite, à espessa neblina,
Desperto pra te buscar, busco-te pra te despertar.
Abro os olhos
E sei-te adormecida
Tão dentro de mim!
Tudo quanto quero, é te despertar!
Oh! Desperta Sophia, desperta!

Luciana Mariz
João Pessoa

Fonte de Inspiração

Tua fala é melodia,
Constante inspiração.
Em tudo reflete pureza,
Uma verdadeira Dama,
Leve e doce como canção.

Quanta beleza e vida!
De onde vem tanta força?
Conta-me teus mistérios
E entrego meu coração.

Inspirada por ti, me encontrei,
Sonhando comigo mesma
Mais pura, nobre e justa.
Encarnação da Beleza!

Senti em meu peito surgir
Uma força constante e serena.
Um sentimento tão puro,
Fruto da tua grandeza.

A ti serei sempre grata,
Pois me ensinaste a sonhar.
A me ver como semente,
Guardiã de um mistério,
Cujo mais belo propósito,
É em flor desabrochar.

Aceito essa nobre saga.
Ensina-me a erguer a espada
E a bravamente lutar.
Em cada nova batalha,
Ensina-me a ser guerreira
E pelo poder da Vontade,
O meu ser purificar.

Aceito a minha missão
De tornar belo o que toco,
Dar vida ao que sonho,
E transformar tudo em canção.
E, como magia,
Converter meu ser em poesia,
E como tu, mestra,
Ser Fonte de Inspiração.

Maria Gabriela Nobre
Natal

Festival Estival

Revelando-se a efígie das mil égides,
Uma grande alavanca que levanta
Da Metafísica a invisível manta:
— E cantam vívidas as efemérides!...

A Mãe Gaia, branda, tenra, assim nasce,
— Como d’ um belo Florescer Divino,
Seminua, no manto do Destino —
Na substância visível, frente à face.

Dos seus filhos à flor da falaz Vista;
Pelos milhos, até a grande ametista,
Cantante e anil, na camada de ozônio,

Nas Oliveiras, Ficus, nos zircônios,
E nos rios, mananciais e mares,
Dança a Deusa: até pelos nossos ares.

André Freitas
Taguatinga - DF

Perfume da Alma

Ah doce e tenro, amado cheiro
Que através dos sentidos permeia
De fragrância que a alma incendeia
Que nos toca cálido, sutil, faceiro

És a flor do campo se abrindo
Que mesmo de pedras saindo,
E assim de tão frágil postura,
Ascende forte aroma em frescura

És o sentir a chuva cair em terra
Um cheiro de infância que compraz
Tão cálidos momentos de guerra,
Tão valentes canções de paz

Vem perfume da alma nobre,
Furiosamente delicada em ternura,
Envolve esse sonho que me cobre
Desperta-me à essa brava aventura

Carolina Moro
Taguatinga - DF

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Pedra Filosofal



Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.



Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.

António Gedeão, in 'Movimento Perpétuo'

sexta-feira, 29 de julho de 2011



Viajar? Para viajar basta existir. Vou de dia para dia, como de estação para estação, no comboio do meu corpo, ou do meu destino, debruçado sobre as ruas e as praças, sobre os gestos e os rostos, sempre iguais e sempre diferentes, como, afinal, as paisagens são.

Se imagino, vejo. Que mais faço eu se viajo? Só a fraqueza extrema da imaginação justifica que se tenha que deslocar para sentir.

"Qualquer estrada, esta mesma estrada de Entepfuhl, te levará até ao fim do mundo". Mas o fim do mundo, desde que o mundo se consumou dando-lhe a volta, é o mesmo Entepfuhl de onde se partiu. Na realidade, o fim do mundo, como o principio, é o nosso conceito do mundo.

É em nós que as paisagens tem paisagem. Por isso, se as imagino, as crio; se as crio, são; se são, vejo-as como ás outras. Para que viajar? Em Madrid, em Berlim, na Pérsia, na China, nos Pólos ambos, onde estaria eu senão em mim mesmo, e no tipo e gênero das minhas sensações?

A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes. O que vemos, não é o que vemos, senão o que somos.

Fernando Pessoa
Livro do Desassossego

quarta-feira, 27 de julho de 2011


SE EU FOSSE UM PADRE

Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,
não falaria em Deus nem no Pecado
- muito menos no Anjo Rebelado
e os encantos das suas seduções,

não citaria santos e profetas:
nada das suas celestiais promessas
ou das suas terríveis maldições...
Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,

Rezaria seus versos, os mais belos,
desses que desde a infância me embalaram
e quem me dera que alguns fossem meus!

Porque a poesia purifica a alma
... a um belo poema - ainda que de Deus se aparte -
um belo poema sempre leva a Deus!

Mario Quintana

segunda-feira, 25 de julho de 2011

A PROCURA DE OSÍRIS




Em mim há muitas divisões
Por dentro sinto-me complexo
Creio em ideais, cedo a paixões,
Pedaços desligados, desconexos.

Mas há algo em mim que reclama
Sua origem ancestral,
O que trago de divino, minha chama
Sua certeza e seu sinal.

Esse meu Eu que me falta
É como o antigo e belo mito
Que inspira e exalta
Nosso Ser infinito.

Um Deus espalhado pelo mundo
Em todos e em tudo impregnado.
No mais distante, no mais profundo
O Uno que se mostra separado.

Mas sei que Isis em mim habita
E ronda as terras do grande Nilo,
A procura de um Osíris despedaçado
Que me incita a reuni-lo.

Juliana Limeira
Sede Nacional

sexta-feira, 22 de julho de 2011




Atenção Membros de Nova Acrópole - Brasil Norte:
Participem da IV edição do concurso "Letras da Primavera".
Informem-se nas filiais.
Inscrições: grupocaliope@gmail.com

Obs.: O resultado do concurso será postado aqui.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Missão do Poeta



A mais doce missão é a do poeta
Buscando nos adjetivos, a maneira certa
A frase ideal, a expressão correta
Faz de si um garimpeiro das palavras
Que procura no íntimo de sua caverna
O que não perdeu...
Sua Alma Eterna.

Pra inspiração está sempre alerta,
Calíope, a musa aliada, é guia do poeta.
Destila a emoção, peneira o sentimento.
Faz dele um holocausto libertando-o ao vento
Então, no auge da Primavera da criação...
No equinócio bendito desta estação
Uma nuvem no ar do silêncio se faz presente
Qual chuva generosa em dia quente.
Formando rimas que do céu caem à terra
Libertando para toda gente
O Amor que a Alma Poeta encerra.

Wilson Trannin
Filial Cuiabá

sexta-feira, 1 de julho de 2011

UM PAPEL EM BRANCO



Tenho, diante de mim,
Um papel em branco
E a delicada tarefa
de derramar sobre ele
Algo que não seja pranto

Ah, papel, não espere lindos versos !
A saudade segura a caneta e minha mão vibra
Não é tão fácil quanto parece !
Há um mistério entre meu coração e a tua fibra...

Ironia do destino
A um só tempo fera e rouxinol
Eu, poetizar sobre um homem,
Que um dia me pediu para que eu fosse o sol...

Mestre generoso, amor sem reservas
Deixou-me um enigma depois de ir embora:
Como saber o que é vida e o que é morte
Se o sinto mais vivo em mim justo agora ?

Palavras, frases, versos e rimas
Preenchem seu espaço, percebe, papel ?
E até mesmo você que era um simples vazio
Agora é mais pleno
Por ele...Michel...


Alice Fátima
Nova Acrópole - Recife

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Celebração a LCM

Celebro-te, Navegante
dos mares desérticos do cerrado.
Trimaste a vela, domaste o vento ousado.
Cravaste o estandarte celeste e
Fez-se vida em terras secas,
Até então, sem filosofia.

Saudo-te, Filho de Janos,
Tornaste Senhor dos Inícios
Abriste as portas aos seus discípulos
- Vislumbramos novas sendas, novo mundo.
Com tua dupla face, olhar profundo,
Fitas o passado propulsor e
Lança-te ao esplendor
De forjar o futuro certo.

Celebro-te, Mestre
Como quem celebra a própria vida,
Também ensinas, instruis, indicas.
Ao sentires o aroma das Flores da humanidade,
Fizeste a tua morada na ponta de uma lança.
Protagonizas a história,
Empreendes nova esperança!





Marluce Claudia

Nova Acrópole - Guará

terça-feira, 14 de junho de 2011

Prece

Poesia eu peço a leveza da alma

As asas da felicidade, a serena calma.

Tu hoje és Mestra do tema.

Dai-me tua asa que a minha é pequena.

Cubra-me com teu manto

Senão por tanto

Só por este poema.


Poeta aprendiz que copia do ar.

Marujo dos mares do sentir e do amar.

Numa prece à beleza serena

Qual a insistente criança pequena

Qual beato pedinte numa novena

Abriga-me em tuas asas

Leva-me pra tuas moradas

Só por este poema.


E no raiar do meu próprio dia

Numa visão mágica da aurora

Possa lembrar-me a toda hora

Que tu preenches minha alma vazia

Como a candeia que a escuridão ilumina

Na sede da busca por harmonia

Tu és a principal luz do tema.

Agradeço a ti amiga Poesia

Pela grandeza de tua Maestria.

Pelos instantes de vida plena

Só por este poema

Sol por este poema.


Wilson Tranin

Nova Acrópole - Cuiabá


sexta-feira, 10 de junho de 2011

Não persiga a Beleza



Não persiga a Beleza.
A cada passo ela fugirá.
E quando nessa ânsia
Pensares tê-la encontrado,
Sumirá
Dragada pelo mar turbulento
Onde pequenos lampejos
Lutam para se salvar.

Mas um dia, quando não mais desejares
Encontrar o objeto de sua afeição,
E ao toque do sol em tua pele,
E à brisa que leva as folhas no chão,
Ao ritmo das palavras que se seguem,
Ao rosto expressivo do ancião,
Na suave respiração daquele que dorme,
Nos fatos que correm para as tuas mãos,
Em tudo, tudo encontrarás o Belo.

E lembrarás da voz do teu Mestre:
Abre teus olhos.
Liberta teu peito.
Penetra na vida.
Sê forte e corajoso.
Sorve a Beleza escondida.



Isabela Gontijo
Nova Acrópole - Maranhão

quarta-feira, 8 de junho de 2011

“Ao comprovar que nada possuo, trato de dar-me a mim mesmo;

Ao tratar de dar-me a mim mesmo, compreendo que nada sou;

Ao ver que nada sou, desejo transformar-me; ao me transformar, vivo.”

(Rimbaud)

terça-feira, 7 de junho de 2011

Coesão e Coerência


Na ilusão das palavras
traduzidas em ações
tento descobrir as respostas
para os meus porquês.

Escondidos sob o véu de intrigante lógica,
os argumentos e fundamentos se confundem,
se perdem, se reencontram, se fundem
e se mostram em pequenos senões de Verdade.

Viver, apesar das dificuldades.
Amar, a despeito de não ser correspondido.
Aceitar o que, todavia, não foi entendido.
Ser, não obstante a pressão do parecer.

E no desenrolar do que ainda não sou
confiar que a tradição e a experiência
trarão a coesão e a coerência
capazes de despertar o coração
oculto na busca da Divina Conjunção.




Gabriela Leite

Nova Acrópole - João Pessoa

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Ambrosia




Quando fores ouvir um poema.
Prepara-te...
Ainda que não saibas qual o tema.
Aquieta-te...
Qual vinho excelente que exige a boa taça.
Limpa tua alma de pensamentos
Qual caçador que espreita a caça...
Aguarda num íntimo silêncio...
Então...
Ouça a poesia...
Espera...
Vivencia...
Degusta os mágicos momentos...
Como se tal fosse ambrosia servida.
Saboreia então os sentimentos
Dos eternos fragmentos
Da poesia ouvida.
Guarda as emoções em alma serena
Pois jamais se é o mesmo depois de um poema
Como na terra fresca que agasalha a semente
Um dia na lembrança, brota pequena.
De repente...
Cresce...
De súbito floresce...
E...
Enfeita a alma da gente.

Wilson Tranin
Aluno da Nova Acrópole - Filial Cuiabá-MT

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Fides




Não te resignes antes de perder
definitiva e irrevogavelmente
a batalha em que lutas. Luta erguido
e sem contar as hostes inimigas.
Embora te restem só resquícios de esperança,
não te rendas! A sorte
gosta de acumular os impossíveis
para os vencer em conjunto, sempre,
com o fatal e misterioso golpe
de sua clava de Hércules.

Sabes acaso se aquele instante
em que, já fatigado, desesperas,
não seria o momento em que a definitiva
realização de teu ideal sucederia?

Torce o fado mais tenaz
aquele que alimenta uma fé indestrutível;
O destino só é vulnerável à fé
e resistir não pode.

A fé outorga o divino privilégio
da casualidade, aquele que a possui
em grau heróico.

Quando as sombras e os espectros e os diabretes cheguem
a inspirar-te pavor, fecha os olhos,
abraça-te à tua fé e arremete!

Verás como os monstros mais horríveis
quando de tua arremetida se desvanecem!

Tudo o que se opõe aos desígnios puros
do homem, é irreal e tem somente
uma vida ilusória,
que nosso medo e nossa febre aviva.

Deus quis em sua bondade que os obstáculos
nos servissem para mais afiar as nossas armas;
quis que o impossível
existisse para que o vencêssemos,
como a barreira existe
para que sobre ela salte o cavalo!

Engana, pois, a quanto no caminho
teu impulso pretende destruir!

Não cedas nem aos homens nem aos anjos!

(Com um anjo lutou Jacó, inerme, por toda uma noite,
... e o anjo o bendisse, comprazendo-se
com a suprema audácia do mancebo,
a quem chamou Israel, porque era forte contar Deus...)

Ama bastante, o que ama embota
até mesmo os aguilhões da morte!

Que a tua fé trace um círculo de fogo
entre a tua alma e os monstros que a cercam,
e se demasiado é o teu pavor ante os fantasmas
que vês, fecha os olhos, e arremete!



Amado Nervo

segunda-feira, 2 de maio de 2011


Purificação


Extirpar o que não une e jamais pertence
Não ceder à indiferença, ausência atroz
Seguir como quem sabe, vê, pressente
O fado puro, reluzente e veloz

Vencer, limar a aresta pontiaguda
Sublimar com altivez a intensa dor
Lapidar a pedra, até a mais bruta
No labirinto do próprio interior

Não cultivar ódios, torpes rancores
Plantar nobres virtudes com bravura
Caminhando longe ou em arredores

Forjar o amor puro vindo das alturas.
Ver profundo a vida, em plena certeza:
Tudo reflete a Divina Beleza!



Marluce Claudia

quarta-feira, 23 de março de 2011

Maias


Havia um povo que se dizia ter
Avançada técnica e sabedoria
Em Matemática, Escrita, Astronomia...
Mas há histórias que contam mais.
Entre pirâmides escalonadas,
Ocorreu esta que será contada:

“Há uma tenda no meio do campo,
Dentro dela um sagrado artesão.
Ele capta as ideias do céu,
Ele plasma as formas no chão.

Por fora não se vê movimento,
Não se ouve o seu labutar...
Apesar de aparente inércia,
O objeto, ele está a moldar.

Não se deve ver o artesão:
Não é ele que ali labora.
Ele entrega ao Sol suas mãos,
o Sol que a tudo elabora...

Quando finda a forma plasmada,
É o fogo que queima o véu.
Eis a forma que surge da terra,
Espelhando a ideia do céu!”

André Vasconcelos

terça-feira, 15 de março de 2011

Roma



Não sou romano se estou só em Roma,
Trago em meu peito o amor ao Império,
Com meu respeito, procuro o mistério,
O sou em glória, em vontade e em honra.

Conto a história do Império que nasce
Da terra que cresce do sangue do Império:

No berço de gêmeos a semente
Nas águas de Vênus
Flutuavam não menos
Que os amos de um império potente

Perdidos à margem da Terra
Sós na natureza
Imbuídos de pureza
Acolhidos pelo seio de uma fera

Loba de longos caninos
Cravou dentes na história
Levou filhos à glória
Inspirou novos hinos

Rômulo e Remo sob lupinos auspícios
Unidos e em contraparte
Filhos do pai Marte
Ergueram em Palatino os edíficios

Um futuro império do mundo
Com homens de moral
Com Uno Ideal
Um novo elo do mundo

Deixo uma língua ao futuro distante,
A inspiração de poetas e músicos,
P'ra eternizar os momentos de júbilos,
Impulsionar os guerreiros e amantes.
P'ra tornar imortal, fugaz instante
Que começamos a erguer nossos muros.

Enila Freitas e Igor Alcântara

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Amar


Que pode uma criatura senão,
entre criaturas, amar?
amar e esquecer,
amar e malamar,
amar, desamar, amar?
sempre, e até de olhos vidrados, amar?

Que pode, pergunto, o ser amoroso,
sozinho, em rotação universal, senão
rodar também, e amar?
amar o que o mar traz à praia,
e o que ele sepulta, e o que, na brisa marinha,
é sal, ou precisão de amor, ou simples ânsia?

Amar solenemente as palmas do deserto,
o que é entrega ou adoração expectante,
e amar o inóspito, o áspero,
um vaso sem flor, um chão de ferro,
e o peito inerte, e a rua vista em sonho, e uma ave de rapina.

Este o nosso destino: amor sem conta,
distribuído pelas coisas pérfidas ou nulas,
doação ilimitada a uma completa ingratidão,
e na concha vazia do amor a procura medrosa,
paciente, de mais e mais amor.

Amar a nossa falta mesma de amor, e na secura nossa
amar a água implícita, e o beijo tácito, e a sede infinita.

Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O Herói


Tu que em meio às trevas
Ofereces tua luz.
Tu que não te entregas
Ao que ilude, ao que seduz.

Tu que ao agir geras laços
Que nos ensinam a amar.
Tu que com os teus braços
Fazes a roda girar.

Tu que mesmo ferido
Não te deixas abater.
Tu que vences o inimigo
Que se encontra em teu ser.

Tu que marchas à frente
E assim conduzes os teus.
Tu que durante os combates
Sempre te lembras de Deus.

Tu que enfrentas a morte
E com tua espada a destróis,
És da raça dos fortes,
Dos valentes, dos heróis.
Gerson Miranda

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A DANÇA E A ALMA


A dança? Não é movimento,
súbito gesto musical.
É concentração, num momento
da humana graça natural.

No solo não, no éter pairamos
nele amaríamos ficar.
A dança - não vento nos ramos:
seiva, força, perene estar.

Um estar entre céu e chão,
novo domínio conquistado,
onde busque nossa paixão
libertar-se por todo lado.

Onde a alma possa descrever
suas mais divinas parábolas
sem fugir à forma do ser
por sobre o mistério das fábulas.


Carlos Drummond de Andrade

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Abandono



Se eu pudesse dos pensamentos irrequietos
Formá-los versos e bradões metrificados,
Seriam brados de matéria não sabida;
Seriam casas e móveis desarrumados.

De rimas pobre e de recursos mais ainda,
Resta-me a angústia por dois lados aumentada:
Não consigo ao mundo passar tudo que sinto,
Não vejo meios de seguir na caminhada.

Abandono aos caminhantes porque parei.
Resta aos antigos companheiros esquecer...
Sem destino é meu andar. Me cansa, me dói,
Caio...Perdido no infinito do não-ser...

E nessa fria infinita escuridão,
Me vem um Mestre com sua chama me aquecer...
Agora a sinto em meu peito a arder,
E já me volta a harmonia da canção!

Fogo Alquímico! Fez homem do animal:
A mente indomável hoje me obedece,
A vontade prisioneira, liberta, cresce,
O abandono da arte é condicional:

Não mais desejo escrever-te, poesia,
Se for vazia de ideias tua forma.
Mas se é o brilho do Ideal que te adorna,
Quero viver-te intensamente a cada dia.


André Vasconcelos

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

AH! OS RELÓGIOS


Amigos, não consultem os relógios
quando um dia eu me for de vossas vidas
em seus fúteis problemas tão perdidas
que até parecem mais uns necrológios...

Porque o tempo é uma invenção da morte:
não o conhece a vida - a verdadeira -
em que basta um momento de poesia
para nos dar a eternidade inteira.

Inteira, sim, porque essa vida eterna
somente por si mesma é dividida:
não cabe, a cada qual, uma porção.

E os Anjos entreolham-se espantados
quando alguém - ao voltar a si da vida -
acaso lhes indaga que horas são...

Mario Quintana - A Cor do Invisível

domingo, 2 de janeiro de 2011

ANINHA E SUAS PEDRAS


Não te deixes destruir...
Ajuntando novas pedras
e construindo novos poemas
recria tua vida, sempre, sempre.
Remove pedras e planta roseiras e faz doces.
Recomeça.
Faz da tua vida mesquinha um poema.
E viverás no coração dos jovens
e na memória das gerações que hão de vir.
Esta fonte é para uso de todos os sedentos.
Toma a tua parte
Vem a estas páginas
e não entraves seu uso
aos que têm sede.

Cora Coralina