terça-feira, 25 de setembro de 2012

quarta-feira, 14 de março de 2012



Prece pela poesia

Senhor, concedei-me a Poesia...
Sem ela, as cores se afastam,
E a vida que resta é tão fria...
E o coração já duvida,
E o tempo é convertido em nada,
E a alma se cala, sombria,
E o fio se perde, na espada.

Senhor, concedei-me a calma
Por trás do vibrar da matéria;
Ensinai, Senhor, como a Alma,
Destoa ao pulsar da artéria,
Mas toma, no ar, vosso pulso,
Vê vossas pegadas, no espaço,
estáveis, ainda que etéreas.

Senhor, concedei-me a confiança,
Que alenta os que marcham sem medo;
Que os sonhos nos soprem segredos
e as dores despertem lembranças.
Que as ânsias por perdas ou ganhos,
Estranhos a quem nada espera,
Não expulsem as reais Esperanças.

Senhor, concedei-me a graça
De nada pedir, só a entrega
Do Sonho, que à terra se nega,
Do Amor, que a terra ultrapassa,
Da Alma, que, da vossa, é parte.
Da voz, que espera ser ponte,
À Voz, que se expressa na Arte.

Lúcia Helena
Nova Acrópole - Brasília

14 de Março - Dia da Poesia



Quando se perde a Poesia

Perdi minhas anotações!
Uns livres versos tão serenos...
Estou agora em turbilhões
Por deles nem lembrar ao menos!

Passei horas neles pensando,
Passei penas por repassar,
As horas me irritam, lembrando:
“Pararam em um não-lugar...”

Qual era o mote de meus versos?!
Alguma coisa sobre a...calma?

Mais uma vez o Universo
Ensina algo à minha Alma.

Profunda essência do problema
Eu captei no que escrevia:
- De minha vida, perco poemas,
Mas não se perde a Poesia.

André Vasconcelos
Nova Acrópole - Brasília

14 de Março - Dia da Poesia



Desafio

Quão difícil dobrar a forma pronta,
Pois que a ela a mente se acostuma,
E modelos a envolvem feito bruma,
Deixando com o vício a alma tonta.

Buscar alternativas que me deste,
Rejeitar escolha de fácil rima,
Escolher ritmo e métrica fina,
Alçando inspiração de um grande mestre.

Tirar ervas daninhas do jardim,
Colher suave aroma das idéias,
Compondo um buquê de harmonia.

Aceitar o desafio e enfim,
Redescobrir surpresa o mistério:
O difícil que traz sabedoria.

Enila Freitas
Nova Acrópole - Brasília

ORAÇÃO E POESIA


A melhor oração é a poesia
Seu altar é na natureza
No evangelho da vida
O culto é à beleza.
Nascem palavras por inspiração
Frutos doces da árvore da vida
Que transformados em vinho
Trazem reflexões sublimes
Na forma amena de um carinho
Na pureza da intenção simples
Formam versos meninos,
Espontâneos, leves, livres.
Sonhadores... Divinos

A poesia é a melhor oração
E a beleza a maior devoção
No sagrado do coração
Por uma escada do alto ao chão
Os versos sobem e descem
Por ordem e poder da inspiração
As mágoas da existência desaparecem
E os sonhos se estabelecem
No paraíso da imaginação.

A poesia é uma bonança
Que tem a energia da criança,
E sopra como brisa fresca
Bem aventurada e mansa
Na escuridão da tristeza
É uma pequena vela acesa
Que atiça uma fogueira
E aquece o pensamento
Dando esperança ao momento
Iluminando a alma inteira.

A Poesia é uma musa divina
Faz-se bonita em clareza e verdade
Eterna menina em toda idade
Orientadora, tal como a estrela
Que no céu se faz luz para o poeta vê-la.
Noiva dedicada e carinhosa
Nada quer em sacrifício ou oferenda
Já é dela o reino dos céus.
Pede somente que se a perceba e entenda
Sendo o poeta, seu namorado na senda
Que com respeito, retire seus véus.


A melhor redenção é a poesia
Escrita na lousa da existência
Supera o poeta em permanência
Viverá mesmo depois do dia
Em que livre a alma voar sozinha
E o corpo prostrado, fizer leito no chão.
Cordeira de Deus em beleza se justifica.
Em liberdade, plenifica a vida.
Em versos de amor eterniza a emoção.

Wilson Trannim
Nova Acrópole - Filial Cuiabá

14 de Março - Dia da Poesia



Receita

Poeta não precisa saber de letra.
Isto a escola pode ensinar.
Aluno da vida, a ela sabe cativar.
Faz na alma uma espera silenciosa.
Veste-se de menino caçador,
Arma uma arapuca harmoniosa
Pra pegar o pássaro do Amor.

Poeta tem que ter humildade
Ter cuidado com a vaidade
Saber que Deus é o Poeta de verdade
Ele quando doa a inspiração
Exige do aluno especial atenção
Pra perceber aquele algo mais.
Coisas lindas, pra muitos, banais.
Mas pro aprendiz, maravilhosas.
E o pequeno poeta querendo mais.
Na poesia se faz criança nova.
Que procura o colo dos pais.

Ser poeta
É como tocar um instrumento
Silencioso por fora,
Harmonioso por dentro
Ninguém ouve a voz de uma flor
Ou o som do amanhecer
Foi em silêncio que Deus plantou o amor.
É no silêncio que Ele o faz crescer.
É no silêncio que se faz Poesia.
Escutando o que Deus tem a dizer.

Autor: Wilson Trannin
Nova Acrópole - Filial Cuiabá


I

Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
Verde!… E que leves, lindas filigranas
Desenha o sol na página deserta!

Não sei que paisagista doidivanas
Mistura os tons… acerta… desacerta…
Sempre em busca de nova descoberta,
Vai colorindo as horas quotidianas…

Jogos da luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço…
Pra que pensar? Também sou da paisagem…

Vago, solúvel no ar, fico sonhando…
E me transmuto… iriso-me… estremeço…
Nos leves dedos que me vão pintando!

( Mario Quintana )

Os Poemas

Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam vôo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto;
alimentam-se um instante em cada
par de mãos e partem.
E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti…

( Mario Quintana )

Pequeno Esclarecimento

Os poetas não são azuis nem nada, como pensam alguns supersticiosos, nem sujeitos a ataques súbitos de levitação. O de que eles mais gostam é estar em silêncio – um silêncio que subjaz a quaisquer escapes motorísticos e declamatórios. Um silêncio… Este impoluível silêncio em que escrevo e em que tu me lês.

( Mario Quintana )

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O Pacto



Duas mãos, unidas sob divino álamo
Teceram um pacto:
Honrariam o ouro de seus corações em cada ato,
Decantando lírico balsamo,
Tesouro de sutis emoções.

Apartaram-se as duas palmas.
Mas para sempre uma promessa
Escrita em suas almas,
Fosse o quão fosse a sorte adversa.

Despediram-se os dois destinos.
Entre eles abismos, lonjura amarga.
As distâncias, feras perversas.
Não mais gêmeos traços íntimos,
Desenhando a mesma saga.
Entre suas façanhas, pontes falsas...

Fugiu da lembrança o velho pacto.
Tanto solo percorrido,
Tão aparte os dois idílios;
Cada coração, agora, um desconhecido.
Duas estradas e nenhum atalho.

Mas todo laço sob estrelas tecido,
Pela lira de sutil canção,
Não se dissolve.
Se é frágil a mera lembrança
Em fuga ao passar de hora,
Que no tempo voa e revolve.

É eterna a Memória
Não é fruto do tempo e tampouco o teme,
É Mestra da Vida.
Perene, constante aurora.
E em seu nobre enredo uma herança:

O reencontro em hora mágica.
Quando, em qualquer caminho,
Sagas apartes se vêem sob a mesma lógica
E apartes sonhos se vêem sobre o mesmo ninho.

Agora, longe, em noite profunda,
As duas mãos se procuram.
No peito um fulgor,
Pois a lembrança se inunda
Com o que se figuram
Alquimias de um velho atanor.

As duas mãos, de linhas tão simples
Em ocaso, sob estrelas mil;
Tateando estradas tão ímpares,
Forjam um abraço
Nas fibras do manto anil.

Agora, com a lonjura desfeita
Nas palmas calejadas, a vitória e louros.
O velho pacto sorriu.
Ainda guardavam suas almas os intactos tesouros.
Pois não há distância aceita
Por um juramento que jamais se partiu.

Mariana Lopes
Nova Acrópole Goiânia - Setor Universitário

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Quando um anjo sopra



Quando um anjo sopra
Dou força ao planar da pena.
O salto, a semente alada....
A viagem da folha na aragem,
A dança, leveza serena


Sob o vento calmo,
Vejo a folha, antes vegetal,
Que, igual a uma grande gaivota,
Já plana, e, qual a mão humana,
Acena um suave sinal.

Pelo vento vão,
eu movo o gigante moinho.
revolvo os campos e os ninhos,
reavivo a raiz e o grão...
E o movimento é o mensageiro
da vida, em seu pulsar intenso e inteiro

Pelo vento forte,
o mar se molda em ondas, grande porte,
as folhas dançam em redemoinho.
Baila o fogo, labareda ao vento,
revoltos, brincam ocultos elementos.

Quando em brisa mansa
toco tua face docemente,
E lentamente a rede se balança,
capturo pensamentos puros,
lembranças leves em minha mente...
Mas isso somente
quando um anjo sopra.

Gilvana - Nova Acrópole - Goiânia