quinta-feira, 29 de setembro de 2011

IV Concurso de Poesia OINAB-Norte - "Letras da Primavera" - Ganhadores



1° Lugar:

Alma em 4 Estações

Primeiro raio da esfera,
Instante de êxtase e alerta,
Alma pronta e desperta:
Anúncio da primavera.

Penetrante sol de verão,
Momento de brinde à vida,
Alma em busca, despida:
Convite à transformação.

Folhas jogadas no chão,
Prenúncio do recolhimento,
Alma em amadurecimento:
Apelo à transmutação.

Frio silêncio do inverno,
Ausência de natureza,
Presente a interna beleza:
Alma rumo ao Eterno.

Enila Nascimento Freitas
Sede Nacional


2° Lugar

Peleja


Perante o inicio da guerra
Revi meu ser resignado
Enfrentando o temor acumulado
Com a coragem que o guerreiro encerra.

Enfim tinha chegado o dia
Da definição, da longa agonia
Que de espera martirizava.
De ansiedades mil, transtornava.

E destemido senti-me honrado.
Para tal tinha me preparado.
Não recordo temor da morte.
Sabia do risco e seu porte

Fosse qual fosse o resultado.
Importava apenas ter lutado
Com honra. O melhor de meu ser
Firme. Com todo o querer.

Logo ao longe avistei o inimigo
Marchando forte e decidido.
Meu Ser Ávido por vê-lo abatido
Corria a ele, firme, aguerrido.

Com o escudo levantado
Da investida dura e rude
Ataquei, golpeei como pude.
Meu machado estava afiado.

Esquivando de sua espada
Num giro rápido, golpeando
Atingi aquele que sangrando
Caído ao chão capitulava.

Senti que em mim também doía
De algum modo angustia havia
Mas, vendo o opositor atingido.
Não me importava mais... Tinha vencido.

E com o triunfo ganho e posto.
Tirei-lhe o elmo para ver o rosto
E inesperado fato aconteceu...
Percebi então, a angustia que me acometeu.

No inimigo que prostrado, arfante
Vi um semblante que estarreceu.
Reconheci pasmo naquele instante
O vencido infante... Meu próprio eu.


Wilson Tranin
Filial Cuiabá

3° Lugar:

Passos mitológicos


Numa casa abandonada,
Numa estrada estranha,
No passado da humanidade,
No fundo de um velho baú,
Cuja visão infundiria,
Saudade, lembrança, romaria,
Desejo, memória, nostalgia,
Encontrei minha ancestralidade.

Era tal a idade,
Daquela máscara vermelha,
Que me servia qual uma segunda pele,
Que me revelava uma história,
Que somente em torno da fogueira,
O bisavô de meu tataravô Pereira,
Dançando e erguendo poeira,
Me ligaria a um antigo Deus.

Quando minha Mãe me disse adeus,
Fiquei só comigo mesmo,
E encarei a jovem figura,
No espelho da parede,
Tive de devorar meu medo,
De um engano que era ledo,
E roubar o meu segredo,
E lutar e escapar caverna.

Foi mancando de uma perna,
Que consegui vencer a luta.
Quebrou-se então a velha persona,
E minha face revelou,
Com a graça das arianas
Do mais profundo de minhas entranhas,
Sob formas deveras estranhas,
Um coração sem nenhum receio.

Não era produto do meio,
Vindo do próprio Hades,
Era um épico trajeto,
De árdua caminhada.
Foi então de força bruta,
Sob o suor da labuta,
Que a minha história foi fruta,
Do nascimento do Ser.

Luiz Calcagno
Filial Taguatinga

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